OTÁVIO CORAL
Quem será que mora em mim?
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PENSAMENTOS ARTICULADOS NA PUREZA DA NEBLINA

Num torvelinho de sensações as palavras perdem-se.Ou soltam-se, sei

lá. Elas como se evaporam e deixam um silêncio boiando, sem cor,

sem cheiro, sem estrutura. Que poderia ser a da bolha de sabão, como

no conto da Lygia Fagundes.Seria ótimo diluir-se numa estrutura de

bolha, transparente. Nada passaria despercebido. Cada esgar seria

acompanhado. Cada espasmo, sentido. Cada vômito, analisado.

Depois , talvez, desestruturado, sem máculas, sem rastros, apenas

restos de átomos indiferentes, as palavras pudessem tentar uma

reconstituição virtual. De início apenas, impressões, sem signos,

sem sentido. Alguns ruídos iriam se fazendo. Um certo caos se

instauraria e coisas novas coloridas bailariam. A mente criaria

a meio de uma grande festa, uma ilusão passageira ou uma real

fantasia duradoura. E numa voragem louca de ânsias, de buscas,

de descobertas, as emoções seriam tomadas, guardadas,arquivadas

e usadas quando a ocasião se lhes aprouvesse.

O brilho do renascer do mundo perdido.

Otávio Coral
Enviado por Otávio Coral em 26/06/2008
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