PALAVRAS
Contemplo as palavras,
sinto a sua umidade,
seu vapor embriagante.
Recolho-as com cuidado
como flores delicadas
de um jardim sem fim.
Perscruto suas faces,
tão secretas em seus prismas,
tão expostas em seus ângulos.
Busco a melodia
que habita suas pétalas
para tentar uma canção possível.
Ajeito-as, enfim, no papel
como numa alfombra divinal
e me deleito em sabê-las minhas.